Como a tecnologia está mudando o mundo da arte

A história da arte mostra que os artistas sempre buscaram novas formas de arte e meios não convencionais para expressar seus princípios artísticos. Vários movimentos de vanguarda que começaram a surgir no início do século XX desafiaram fundamentalmente a percepção tradicional da arte.

Os artistas emergentes desses movimentos progressistas introduziram novos materiais não artísticos, como livros, revistas, tecidos, objetos domésticos e muitos outros objetos cotidianos, como perfeitos meios de arte, afirmando que verdadeiros artistas podem criar obras de arte a partir de qualquer coisa.

Foi deste modo que a arte em técnica mista surgiu, marcando uma nova era empolgante na evolução da arte.

O desenvolvimento da tecnologia tem continuado a andar de mãos dadas com conceitos artísticos progressistas e mudado a maneira como a arte é criada e compartilhada, permitindo que artistas inovadores e suas expressões revolucionárias obtenham acesso expandido a novos grupos de audiência além dos limites convencionais do mundo da arte.

Poderíamos nos perguntar se o vasto conjunto de obras de Andy Warhol teria se desenvolvido na mesma direção se não fosse pela tecnologia de impressão em tela e pelas câmeras prontamente disponíveis.

Hoje em dia, os artistas não usam inovações tecnológicas apenas como assistentes em seu processo criativo. Muitos artistas e profissionais de arte estão transformando o mundo da arte aproveitando essas poderosas tecnologias e ferramentas como um meio de arte e design, permitindo-lhes criar peças de arte impressionantes, imersivas e altamente envolventes que são novas e multimídia, misturando diferentes mídias e instalando-as em conjunto.

 

Conheça abaixo, 5 artistas inovadores que utilizam a tecnologia para expressar a arte

Eva e Franco Mattes

O casal italiano se encontrou em Berlim no ano de 1994 e desde então permanece unido. Conhecidos por utilizar a internet e computadores como instrumentos de produção artística, os artistas atuam sob o pseudônimo 0100101110101101.org, sendo considerados pioneiros nesse campo. Suas obras frequentemente discutem as questões éticas que envolvem o uso da internet, explorando como as relações sociais se estabelecem e as fronteiras que se dissolvem entre ficção e realidade. Entre 1995 e 1997, os Mattes viajaram pelo mundo para visitar exposições importantes na Europa e nos Estados Unidos, ocasião em que roubaram cinquenta fragmentos de obras conhecidas de artistas como Duchamp, Kandinsky, Beuys e Rauschenberg, porém, só divulgaram tal feito em 2010. Contudo, a fama chegou mesmo quando o casal adquiriu o domínio vaticano.org, com o intuito de rivalizar com o site oficial. Eles praticamente copiaram o site original, mas com algumas modificações.

 

Philippe Parreno

Parreno é um artista francês com origem argelina que reside e trabalha em Paris. Ele se graduou na École des Beaux-Arts de Grenoble em 1988 e, em 1989, concluiu seus estudos no Institut des Hautes Études en Arts Plastiques do Palais de Tokyo, em Paris. Sua obra desafia as fronteiras entre ficção e realidade, utilizando diversas formas de mídia e tecnologias inovadoras. Recentemente, Parreno tem explorado a realidade aumentada e virtual em conjunto com objetos reais e concretos, questionando nossas limitações perceptivas. O artista utiliza painéis de LED, pianos autônomos, robôs que controlam a iluminação e umidade da sala de exposição, algoritmos que determinam a vibração de um espelho d’água, entre outros recursos.

 

Hito Steyerl

Hito Steyerl é reconhecida pela pluralidade de empreendimentos que abraça, ostentando títulos de cineasta, escritora e performer. Nascida na Alemanha em 1967, a artista frequentou uma instituição acadêmica no Japão, porém, atualmente, é residente e labora em Berlim. Seus projetos já figuraram no Pavilhão Alemão na Bienal de Veneza em 2015 e, na edição de 2019, foram incluídos na exposição central da mostra bienal. Sua produção audiovisual híbrida mescla realidade virtual e aumentada com narrativas fictícias e líricas. Por exemplo, em Veneza, Hito criou uma inteligência artificial que “prevê” o porvir. Na Bienal de São Paulo, apresentou um trabalho que submeteu robôs virtuais a testes de habilidades físicas e desafios, questionando os limites de abuso e força em corpos não tangíveis.

 

Luke DuBois

O artista, compositor e performer norte-americano R. Luke DuBois investiga a fonografia eletrônica e digital em suas obras, abordando temas como relacionamentos virtuais, política internacional e ícones da cultura popular. Inicialmente, DuBois criou softwares de programação musical que mesclavam ritmos, notas e sons digitais em composições aleatórias. No entanto, em seus trabalhos, o artista também examina questões essenciais da cultura norte-americana, como é o caso de seu projeto online “Missed Connections”. Esse projeto utiliza anúncios de várias cidades postados no Craigslist (uma espécie de classificados online), combinando termos empregados pelos anunciantes por similaridade e colocando-os em contato quando eles possivelmente se respondem um ao outro.

 

All Seeing Seneca

All Seeing Seneca é o grande artista que ilustrou o Bored Ape Yacht Club (BAYC) do Yuga Labs, uma coleção de dez mil imagens de perfil (PFP) de primadas com um ar de desinteresse, em que cada um foi aleatoriamente gerado com um conjunto de características atribuídas.

Desde seu lançamento, os Bored Apes se tornaram uma das coleções PFP mais populares, em grande parte graças aos designs brilhantes e inspirados em desenhos de Seneca, que deram muita personalidade aos Apes.

Foram adquiridos por nomes como Jimmy Fallon e Post Malone, conforme Apes individuais foram negociados por milhões de dólares.